Refletindo sobre o “que” e “quem” vale a pena na vida, cheguei a conclusão de que lá no fundo eu prefiro estar com gente louca. Sempre foi assim, minha vida sempre foi uma loucura, gosto dessa sensação inebriante e libertadora de dançar de pés descalços no escuro e com a chuva caindo no rosto, enquanto a vida lá fora parece ter desaprendido o bailar, acho que é por isso que amo andar de moto na chuva, mergulhar em cavernas e com tubarões, loucura para muitos… mas te faz sentir tão vivo que só quem faz sabe.
A minha dança é outra. Não tem ritmo nem coreografia pronta. Não tem dois pra lá dois pra cá. Faço o que eu quero e faço o que quiser, sem melindres e sem pensar muito, eu danço sozinho, você dança sozinho, cada um com seus passos, se quer dançar comigo, a gente dança e descabela também. Só não pisa no meu pé, ou pise e veja no que dá… por que afinal somos loucos, e para os loucos tudo pode.
Amar de verdade só os loucos amam. Porque gente louca não tem medo do ridículo nem do rótulo. Gente louca não tá nem aí para o que não interessa. Gente louca é leve, e intensa. Com essa gente não tem frescura, não tem censura, não tem não-me-toques. Os loucos te tocam fundo, lá na alma, e te fazem acreditar que o impossível nem sempre é tão impossível assim, amo quando escuto de alguém que não vou conseguir fazer algo, por que quando duvidam de mim, é praticamente a minha certeza de que vai dar certo, pode demorar, posso ir e vir e voltar e ir de novo e voltar de novo mas simplesmente não aceito “não dá” como resposta.
Os loucos arriscam, largam tudo, mudam de ideia, de gosto, de casa, de país, de direção… aí eles voltam quando acham que têm que voltar, como se nunca tivessem ido, eles seguem quando acham que o melhor é seguir, mas eles também param de vez em quando, porque às vezes é preciso parar, as vezes é preciso apenas parar para poder seguir, tem gente que não entende, mas quem é louco sabe.
Gente louca tem uma capacidade incrível de acreditar nas pessoas e em si mesmos. Com eles não tem meio-termo, nem mais ou menos. Os loucos não gostam do que é morno ou previsível, e quando eles gostam de algo ou alguém, é de uma maneira tão profundamente verdadeira e intensa que não tem como a gente duvidar.
Os loucos nos tiram do eixo, da zona de conforto, daquele lugar seguro que quase nunca nos deixa chegar a lugar algum, gente louca não tem medo de ter medo, por que o medo é o que nos move, sem medo não podemos nos reinventar, e gente louca se reinventa a cada momento, mas o medo do louco é um medo que nunca paralisa, jamais paralisa, porque gente louca não deixa de ir quando a vida grita “vai”, eles simplesmente vão, eles sempre vão, e quando aparece o medo, eles vão com medo mesmo.
Eu prefiro os loucos com todas as suas ideias sem pé nem cabeça, que exatamente por serem sem pé nem cabeça fazem todo o sentido do mundo, loucos dispensam as expectativas, se der, deu e pronto, se não rolar ai também não tem problema, a gente tenta de novo, faz de outro jeito, segue outro caminho, volta atrás, dá cambalhota e faz o que tiver que fazer. Porque a vida pede “coragem”, e o louco despreza a covardia, as vezes é preciso ter coragem para voltar a traz ou para seguir em frente, para fazer justo o contrário do que todos esperam ser razoável, por que afinal loucos não são razoáveis e nem previsíveis.
Eu gosto é da loucura suave dos loucos e do espírito leve e jovem que eles sempre fazem questão de conservar. Gente louca não tem idade nem liga para idade, gente louca apenas vive, e pronto. Para o louco não importa nem um pouco de onde você veio ou quanto você tem na carteira. Ele gosta é do lado de dentro e jamais se vende por dinheiro ou por status. O louco não se vende, e também não te compra, um louco te ganha…
Gente louca sobe no palco e dá show. Manda um foda-se do tamanho do universo para tudo o que faz mal. Escuta o coração. Deixa pulsar. Deixa ser, gente louca não cabe em definições ou frases prontas, porque o louco tem um brilho nos olhos diferente de tudo o que a gente já viu brilhar por aí, gente louca é artista, da vida, de si mesmo. E sabe disso. Porque a loucura também é uma forma de sabedoria. Às vezes triste, às vezes divina. Mas sempre sábia. Sempre.
Gente louca sabe das coisas, mas sempre dizem que não sabem de nada, afinal, gente louca apenas vive e assume as consequências de suas loucuras como parte do seu aprendizado na terra, tem loucos que sabem que são loucos, mas tem os loucos que de tão loucos, acham que são normais, afinal ser louco de verdade é viver dentro da caixa, a insanidade de não enxergar o mundo lá de fora e apenas olhar para o próprio umbigo, pois afinal o que devíamos fazer sempre é viver 100% a vida, e enfiar o pé na jaca para valer, e ver e aproveitar o mundo lá fora, a “caixinha” é pequena demais para quem é louco.
Chego a conclusão de que talvez, afinal, também devo ser louco…e viva os loucos !!!!